Reforma Tributária 2025: entenda o que muda e como se preparar

A Reforma Tributária, aprovada em 2023 pela Emenda Constitucional nº 132, começa a ganhar vida em 2025 e promete ser uma das maiores transformações do sistema de tributos no Brasil. O objetivo central é simplificar a forma de cobrança de impostos sobre consumo, acabar com distorções históricas e reduzir a burocracia.

Na prática, cinco tributos atuais, ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins, serão gradualmente substituídos por dois novos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de competência estadual e municipal, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal. Além deles, surge o Imposto Seletivo (IS), voltado para produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, como cigarros e bebidas alcoólicas.

Um dos pontos centrais da reforma é a mudança para a cobrança no destino. Hoje, os impostos são recolhidos no local de origem da mercadoria ou serviço, o que gera a chamada “guerra fiscal” entre estados e municípios. A partir da transição, a arrecadação será feita onde o bem ou serviço é consumido. Outro avanço importante é a não cumulatividade plena, ou seja, o valor pago em cada etapa da cadeia poderá ser usado como crédito na etapa seguinte, evitando a cobrança em cascata que encarece produtos e serviços.

A implementação, no entanto, será lenta. Em 2025, empresas e contadores entram na fase de preparação: será necessário revisar contratos, ajustar sistemas e simular impactos nas margens de lucro. Já em 2026, começam os primeiros testes com alíquotas reduzidas do IBS e CBS, que conviverão com os tributos antigos. Entre 2027 e 2032, o peso dos novos impostos aumenta gradualmente, enquanto os atuais vão sendo reduzidos. Apenas em 2033 o novo modelo estará plenamente em vigor.

Essa transição exige cuidado, principalmente porque o cálculo de preços e margens mudará. Como os impostos passarão a ser destacados “por fora”, as empresas precisarão revisar tabelas, contratos e estratégias de precificação. Além disso, será fundamental atualizar softwares de gestão (ERPs), integrar áreas financeiras, de compras e vendas e capacitar equipes para lidar com novos códigos fiscais.

Outro ponto a se observar é o fluxo de caixa. A recuperação de créditos tributários será mais rápida, o que pode representar um alívio para empresas que hoje enfrentam prazos longos para compensações. Para setores estratégicos, como saúde e educação, estão previstas alíquotas diferenciadas, reduzindo o impacto da carga tributária. Já os pequenos negócios poderão se beneficiar de regimes simplificados, como o Simples Nacional, e até de faixas de isenção em casos de faturamento muito baixo.

Os impactos vão além da rotina contábil. A unificação das regras tende a aumentar a competitividade entre empresas de diferentes estados, eliminando barreiras tributárias para expansão. Também haverá mais transparência, já que os impostos ficarão claramente destacados nas notas fiscais, o que fortalece a relação de confiança com o consumidor. Para empresários e contadores, a grande oportunidade é usar a simplificação para redirecionar esforços antes gastos em burocracia para inovação e crescimento.

Em resumo, a Reforma Tributária trará desafios de adaptação, mas também um cenário de maior clareza e previsibilidade. O ano de 2025 deve ser visto como um período de planejamento: revisar processos internos, atualizar ferramentas tecnológicas e contar com apoio contábil especializado serão passos fundamentais para atravessar essa transição sem riscos. Com organização e estratégia, será possível transformar mudanças em vantagem competitiva.

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